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Mostrando postagens de agosto, 2015

Uma história entre a busca e o aprendizado, a sacola plástica e a retornável.

A busca é como uma sacola plástica.  Você vai ao mercado, pega sua sacola, enche com os produtos que lhe convém.  Volta pra casa e joga a sacola fora...  Os produtos às vezes estragam, você não dá conta de consumi-los todos.  (...) Ou você pode optar por uma ecobag.  Você carrega ela para onde for.  Ela também serve para levar seus objetos especiais.  Quando encontra algo que lhe agrada, guarda dentro da sua sacola retornável.  Você leva apenas o necessário, afinal sabe que a jornada é longa.  E é preciso estar leve para aproveitar o caminhar.  Assim é o aprendizado.

sobre a liberdade do não ser

Você é uma garrafa cheia de rótulos. Teu conteúdo está etiquetado. Você está preso. Já esqueceu quem é.  Acredita que os rótulos te definem. Quando eu digo que sou, me aprisiono numa caixinha.  Quando eu digo que gosto, perco toda a diversidade do não gosto. É esse medo do desconhecido que me captura.  Estou tão acostumada com minha gaiola que já não sei voar. Não tem ninguém pra me cortar as asas, a gaiola eu mesma construo.  A cada dia acrescento uma nova grade.  E vai ficando apertado, vai ficando insuportável.  E aí vem a tensão, vem a doença, vem o medo.  Medo de perder, medo de deixar de ser. E tudo isto por conta de um eu.  Esse eu tantas vezes repetido, esse eu.  Esse eu que não sou eu.  É que eu não sou, entende? É que não existe eu.  A vida é movimento, transformação constante. O  corpo muda, os gostos mudam, os hábitos mudam, os pensamentos, amores...  E o que sobra disso tudo?  Se tudo é passageiro, o que sobra? Hoje eu d

enquanto eu me perguntava o que será da minha vida

Senhora, estou com fome me diz uma boca desdentada.  Uma face negra habitada por olhos desesperados. Tiraram nossos doces.  Eu estava na passarela do metro Maracanã.  De longe vi duas pessoas abordando outras nas ruas.  Dois seres invisíveis.  Tão reais,daquela realidade doída, tão crua, tão humana que se prefere não ver. Ignoramos para não sofrer.  Sofrer o sofrimento do outro.  Eu parei. E ele agradeceu, agradeceu por ter ser escutado, ser visto.  E essas pessoas falam.  Todos queremos ser ouvidos, desejamos ser sentidos.  E eu ali, escutava, sentia. E doía, claro. Ele falava na Dilma, no governo, no filho desaparecido, na mulher presa.  Sonhava com uma casa, dessas do Minha Casa, Minha Vida e uma varanda pra ver o filho brincar.  Dizia que não conseguia roubar, ia na Lagoa e não roubava pois sabia que existiam boas pessoas lá.  Boas pessoas, más pessoas. Enquanto o pêndulo balança de um lado para o outro estaremos em desigualdade.

Sobre uma busca sem título

A terra cristal é essa busca.  É a necessidade premente de sentido.  Do novo, do diferente, do que não é.  A terra cristal é inadequação, insatisfação. Movida pela evolução.  Uma sensação tão avassaladora que me arrebata.  Me afogo. Tantas portas, janelas e atalhos traduzidas pela minha mente em oportunidade.  Entrei na busca da busca, caí num labirintos de ratos.  Uns buscam emprego, celular, amor, família.  Outros buscam ser, expansão da consciência, plenitude, libertação.  Todos buscam.  E o buscar é o maior obstáculo da Terra Cristal. Já falei em insatisfação? Qual é o contrário de aceitação?