Pular para o conteúdo principal

penso, logo não sou.

o pensar me impede de ser. o pensamento, este processo da imaginação retira as possibilidades de eu existir no momento presente.

penso e não estou. penso e "papai noel chegou" canta o vizinho.

busco na memória: há algum tempo atrás, "eu" era dominada por um "eu" que detestava a risada deste vizinho. me incomodava emocionalmente, aliás, será todo incômodo emocional?
racionalmente, eu sei que incomodar-me com qualquer coisa externa é puro fruto do ego.
pois, então, incomodava-me a risada do vizinho. era como uma afronta pessoal ao meu estado de total identificação. um estado de sofrimento tamanho que qualquer sinal de satisfação externa era sentido como um desrespeito.

pois bem, há outro tempo atrás, "eu" era dominada por um "eu" que adorava a risada do vizinho. ela me trazia alegria e bem estar. da sala eu ria e me entusiasmava com ele.

qual a semelhança entre esses dois estados?

imaginação. o processo de imaginar, pensar. o processo de projeção. e qual a armadilha desses dois estados? a escravidão, a mecanicidade. em um eu me aborrecia, no outro me entusiasmava.
que me importa afinal a risada do vizinho? desperta, não importa nada. eu vejo, eu sinto e só. eu observo. enquanto reajo mecanimamente, não sou.
qualquer fator externo me leva de um lado ou de outro. crio situações, fantasio.

eu sei, eu sei, eu sei, por já vivi e experienciei. é muito mais gostoso sabor doritos ecológico fantasiar um mundo cor de rosa. mas eu sei eu sei eu sei que é pura fantasia. e quando esse mundo desmoronou, voltei pro branco e cinza remoendo porque eu tinha caído lá do alto. "eu" que estava tão iluminada. mas a risada do vizinho já não era tão engraçada.

todo o processo do pensar é uma perdição. e eu me perdi, e sigo me perdendo. sigo observando.
para quê? pra me encontrar, pra encontrar o ser. aquele que permanece, aquele que observa a fadinha ou a bruxa. o personagem criado e introjetado.

quem está atrás dessa máscara?

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

quando começa?

Por onde começar? Começa pelo começo grita o papagaio que mora na minha cabeça. Mas onde é o começo?, pergunto. E o papagaio se cala. Afinal, ele só sabe repetir um punhado de frases prontas. O papagaio aprendeu que tudo que tem um fim tem um começo. O papagaio sabe que aquilo que nasce está fadado à morte.  Mas será possível a existência de algo que não tenha fim nem começo? É nos possível capturar o primeiro instante do surgimento de algo?  O que é nascer, o que é morrer? O que é o começo, e o que é o fim? Estamos nos últimos dias do ano de 2016. O papagaio aprendeu que isso é o fim de um ciclo, e o início de outro. Entretanto, quando o papagaio despertar na manhã do novo dia, ele continuará sendo o mesmo velho papagaio repetidor de passados, repetidor dele mesmo.  Para o papagaio não há fim, e portanto não há começo.

A Vida está constantemente destruindo você

Calma, vamos entender essa frase antes de sairmos a falar aquilo que achamos que entendemos. A vida está constantemente destruindo as imagens que você cria de você. Se você, como a Flávia, se acha um ótimo cozinheiro, com anos de experiência, tão bom que tira fotos e compartilha suas aventuras culinárias e, veja bem, se depara com isso: Pois bem, você, grande chef recusará esse pão, como sua obra, pois ele não se encaixa na imagem que você construiu para si mesmo. Principalmente depois de ter recebido inúmeros elogios sobre seus pães e desfrutado de algumas horas de devaneio e prazerosa imaginação sobre seus poderes e possibilidades e êxitos na arte de fazer pão. O pão, este pão acima, fere a imagem que você construiu.  Então, você pode rastejar na dor da perda da sua imagem, culpar algo ou alguém por sua falha, criar planos mirabolantes de aperfeiçoamento, e etc. Sim, claro que você — ou melhor, a imagem de você  — pode criar tudo isso para não morrer, ...

A Trajetória da Pregação

Embora gostemos de imaginar que não, todos vivemos através das nossas crenças. Claro que ler isso não será e não é suficiente para que a percepção desse fato lhe venha, ou, dizendo em outras palavras, para que lhe caía a ficha de que você é um crente. Sim, eu sei, é difícil, muito difícil de admitir, principalmente se você baseou toda a sua concepção de vida numa ideia "lógica, racional e cientificamente comprovada". Ou seja, se você lá nos seus primeiros passos refutou a concepção de vida que lhe era ensinada. Mas está é a história da Flávia.  A Flávia, muito certa de suas convicções, questionava os conceitos religiosos e morais do seu meio. Ou seja, ela reagiu aquilo imitando outros conceitos. Embora agrade a vaidade dela, não era nada novo, era apenas imitação. Como ainda continua sendo, mesmo que, repito, gostemos de pensar o oposto. O fato é que não fazemos nada de novo. E a Flávia, como representante da humanidade, trocou uma crença pela outra. Descartou ...