J.Krishnamurti - 7º - O que é a Morte? A Morte tem algum significado? - "A Transformação do Homem"
Como eu vou me levantar de manhã? É muito simples, tenho de levantar e fazer coisas, a vida exige que eu aja!
Eu sei o que amar, realmente? Eu não sei o que é morte?
Pergunta o Dr. Bohm, se o ego não é nada além de uma imagem, então o que morre?
Há alguma coisa que morre, já que a imagem não é real? As imagens morreram, "eu" morreu. É possível "reconhecer" a morte do ego? Estou assustado, pois quando isso morre, isso que chamei de "eu" por tanto tempo, é um fim... O que é isso que acaba? Se é meramente o fim de uma imagem, então não é nada. (Mas se estou identificada com essa imagem, se sinto, penso e tenho a sensação de que sou ela, então isso é muito. Pois então é a morte de "mim mesma") Há algo mais profundo que morre? Não é o fim da imagem que morre, mas algo muito mais profundo. Não é, portanto, a morte do organismo. Qual o significado mais profundo da morte, maior do que o fim das imagens? O que a morte significa? O processo de criação de imagens, que é o pensamento, também morre. Removemos o criador de imagens e a imagem em si mesma. Então, há algo mais? Isto é o significado da morte? Diz K. que a morte tem um significado muito maior.
Minha vida tem sido desordem, constante conflito, eu cheguei ao conhecido e a morte é desconhecido, por isso tenho medo.
A morte é o fim de todas as coisas: realidade, conceitos, imagens, todas as memórias e fim do tempo, o tempo pára completamente. E não há futuro, no sentido psicológico, o fim psicológico de todas as coisas.
Se eu não páro a imagem, a corrente de criação imagens continua. Se eu morro, e ainda tenho uma imagem, essa imagem continua. A minha imagem é a sua imagem. Elas são as mesmas, um pouco mais colorida ou perfumada, mas, ainda assim, a mesma.
Existe este constante fluxo de criação de imagens, se manifesta nas pessoas "universalmente". É um rio, existe, e se manifesta nas pessoas. Essa corrente é o criador de imagens e imagens. A imagem é universal! Não se manifesta em uma só pessoa. É o efeito de todas as pessoas e se manifesta nas pessoas.
Diz K. que a vida deve ter uma profundidade infinita. A morte torna isso acessível. Outros bloqueios, reais, além da criação e das imagens, tem de morrer.
Existe uma corrente de sofrimento = dor, o sofrimento é mais profundo que a imagem.
O que é sofrimento, então. Vai além de perda, pesar, do sentimento, do pensamento. O sofrimento é parte da correnteza da criação de imagens, porém é mais profunda. Há uma corrente bastante profunda e o criador de imagens está na superfície dessa correnteza, são as ondas da superfície.
A compaixão vem com o fim do sofrimento, que não é àquele criado pelo pensamento. No pensamento há o sofrimento criado pelo ego. Chama-se autopiedade.
Há o sofrimento mais profundo, universal. A percepção do "nosso" sofrimento é compaixão. [O nosso sofrimento é a ignorância, este estado em que todos nos encontramos. A não percepção dessa ignorância é sofrimento.] não estou segura de ter captado suficientemente esta parte.
Há o profundo sofrimento da humanidade, sendo alimentado durante séculos e séculos. Ele perpetua a ignorância.
Ele entende que as pessoas estão em sofrimento, mas ele mesmo não está. Ele sente uma tremenda energia da compaixão. Essa compaixão, é o fim do sofrimento universal, ele continua, mas também morre.
Há compaixão que nasce com o sofrimento. Quando o sofrimento termina, há compaixão. O que é compaixão, que é amor?
Sem compaixão, a vida não tem sentido.
O que queremos fazer é penetrar em algo além da morte. Além do tempo. K. não usa essa palavra, pois, de certa, forma, ela implica um movimento no tempo, mesmo que seja "para sempre".
Há um movimento que não tem começo nem fim. Um movimento fora do tempo. Aquilo que está sempre se renovando, vivo, novo, florescendo...
A vida tem um sentido extraordinário,além das palavras. A vida é sagrada, você compartilha isso. A vida não poder ser desperdiçada. Usá-la corretamente tem um tremendo significado. Não basta aceitar como uma teoria.
K diz que todos esses diálogos foram um processo de meditação, que traz insight, em tudo o que tem sido dito. A meditação não é apenas argumento. É ver a verdade, o falso e ver a verdade no falso. Ele apenas existe. Não há compartilhar, vai além.
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