A criação sem sabão |
Se você e eu habitamos o mesmo planeta, ambos, como bons conhecedores dessa terra, sabemos que não existe árvore de sabão. E nem cachoeira, e nem montanhas, e nem hortinha, seja ela orgânica ou o temível, o bicho papão da nossa era, agronegócio. Isso, não significa, claro, para o bom homem capitalis que somos, que não inventamos uma forma de vender "sabão" (mesmo não o sendo) em larga escala e enriquecer nossos bolsos, figurativamente falando, pois hoje dinheiro é algo demodê, e sujo, muito sujo, nojento, infecto, afirma com convicção meu pai bancário aposentado. E convenhamos, ele tem a sua excelência no assunto. Na última, e primeira, viagem que fizemos juntos, deixou de comer um pastel de Belém, ressalto pastel de Belém de Portugal, em Portugal, pois, numa retrospectiva do seu dia, havia, em algum momento, algumas tantas horas antes, tocado em umas moedinhas. Dei-lhe na boca, e lhe omiti, obviamente, a minha própria culpa, pois sou uma boa filha, claro. Tanto que estou expondo aqui essa inútil intimidade, só pelo prazer literário saboeiro.
Continuemos, por favor, Flávia. Aprendi a digredir com ele, diga-se de passagem.
Fábrica de Sabão em Alepo |
Mas vamos entrar na parte da Química. Retardo esse momento pois faltei, ou dormi, praticamente em todas essas aulas. Comprovado empiricamente com péssimas notas e nenhuma compreensão. Antes de virar saboeira, claro. Quando a realidade mostrou-me de forma indubitável que era necessário aprender alguma coisa, algo; nem que fosse para repetir como papagaio, coisa que não o fiz de forma eficiente na escola. O fato é que: aprenderei a "ciência" enquanto escrevo esse post.
Assim que sabão é: um sal de ácido graxo. E sim, sei que isso não significa muita coisa para quase ninguém. Esse sal é formado pela reação química chamada de Saponificação que se dá através da combinação de dois componentes: gordura e uma base (geralmente hidróxido de sódio ou potassa cáustica) em meio aquoso. A Saponificação resulta na formação de glicerina e sabão. E não, não sobra soda, eu lhe asseguro, desde que, claro, a coisa seja feita de forma direita, ou esquerda, o importante é fazer os cálculos corretamente (e seguí-los).
É tudo muito novo, eu sei, vamos tentar digerir com calma.
É tudo muito novo, eu sei, vamos tentar digerir com calma.
Reação de Saponificação |
Soda cáustica, ou hidróxido de sódio, ou NaOH é uma base (álcali) forte, tem pH 14, e, por isso, reage com o óleo. Base é: qualquer substância que reage liberando ânion OH–. E ânion é: um íon de carga negativa. E íon é: um átomo ou molécula que perdeu ou ganhou elétrons. Sim, fui pulando de galho em galho (ou de link em link) até chegar à algum entendimento.
Se a gordura é um triglicerídeo, qual é o resultado da quebra dessa molécula? Fica mais fácil observar a coisa a partir desse ponto de vista, não? Ao menos pra mim sim, deu uma luz aqui.
Se a gordura é um triglicerídeo, qual é o resultado da quebra dessa molécula? Fica mais fácil observar a coisa a partir desse ponto de vista, não? Ao menos pra mim sim, deu uma luz aqui.
Processo de Saponificação |
Próximo capítulo, se nós aguentarmos, porque o sabão limpa? Nessa pergunta, se há aí em você a capacidade de ver os furos deixados nesse texto, ou se você é um entendido de química, iremos responder o que diabos é um sal.
Não, eu não perdi as aulas de química e sim, eu li até o fim e quero mais!
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